18 de agosto de 2011

Especialista em cibercultura, o francês Pierre Lévy critica intenção inglesa de controlar redes sociais e fala sobre o futuro dos livros...

RIO - Há 20 anos, quando a maioria da população do mundo não tinha a menor ideia do que era a internet, o filósofo francês Pierre Lévy já estava de olho no futuro, com seus estudos sobre cibercultura e inteligência coletiva. Hoje, Lévy é uma referência, um estudioso cujas pesquisas ajudaram no desenvolvimento de ferramentas fundamentais para muitos de seus críticos do passado - entre eles, um bom número de jornalistas -, como a Wikipedia e as redes sociais.

Clleber Passus / Fronteiras do Pensamento - 14 de Agosto de 2007.  Foto Divulgação

Atualmente morando no Canadá, onde leciona na Universidade de Ottawa, esse profeta digital está a caminho do Brasil, para participar, no dia 25, às 19h30m, de um debate ao lado de Gilberto Gil, sobre o tema "o poder das palavras na cibercultura", no Oi Futuro Flamengo. A mesa faz parte da programação do projeto Oi Cabeça e tentará responder à difícil questão sobre o espaço que a escrita ocupa na esfera digital.

Em entrevista por telefone ao GLOBO, Lévy falou do uso das redes sociais, do futuro das mídias tradicionais, de como o preconceito contra a internet foi sendo modificado ao longo do tempo e do trabalho para desenvolver a Information Economy Meta Language (IEML), uma nova linguagem para a web à qual ele vem se dedicando nos últimos anos.

Enquanto conversamos, o primeiro-ministro David Cameron sugere que a Inglaterra crie alguma forma de controle das redes sociais, a fim de evitar as manifestações vistas na semana passada. O que o senhor acha da ideia?

PIERRE LÉVY: É uma sugestão bastante absurda. É a grande maioria da população inglesa que usa as redes sociais, e não apenas uma pequena quantidade de criminosos. Além disso, os criminosos usam as estradas, os telefones, qualquer forma de se encontrar ou de se comunicar. Não há nada específico que justifique responsabilizar as redes sociais. Sou contra qualquer tipo de censura na internet, tanto política quanto de opinião. E vale lembrar que a polícia também pode se utilizar das redes sociais para encontrar os criminosos. A mídia social pode ser uma ferramenta de combate ao crime como qualquer outra.



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